Ela, uns dez anos depois de parar de comemorar seu aniversario, saiu da sua terapeuta, entrou no transporte publico e foi para as manifestações.
Eram muitas as causas, os cartazes, as lutas, mas a dela era sua. Apenas sua. De um egoísmo sem igual.
Fotografei seu cartaz, mas não entendi. Questionada sobre seus delírios, ela falou de amor e apenas desta causa.
Explicando-se, como se amor precisasse de explicação, me relatou que Orientação sexual tem a ver com sexo, amizade e amor não.
Fazendo de sua vida o pano de chão, de linho nobre, pura seda, disse que amor não tem nada a ver com sexo. Citando nomes, em alto e bom som, listou os que amou e nunca fez sexo, assim como os que fez sexo e jamais amaria ou amou.
Pergunte-me com quem ela iria para uma ilha deserta?
Com quem iria para o espaço sem retorno?
Não existem culpados por ela ser a única, ultima, primeira mulher na vida de um homem de muitos homens. Pouco lhe importa o que veio antes e virá depois: "quero ser feliz hoje".
Não entendi muito bem aquela mulher livre, liberal e liberada, que escolheu um caminho onde o amor é a base, é a estrutura e o que vale a pena. Antes de centro de qualquer doutrina e sem nenhuma droga.
Entendi, apenas, que não podemos mudar a nossa historia familiar, mas sim compreende-la como historias de amor.
Os relacionamentos passados também não mudarão, mas podemos fazer um novo e melhor fim com todos os que cruzarem o nosso caminho.
"E faço isto baseando as minhas relações em carinho, atenção e cuidado. Erro pelo mais, mas nunca errarei pela omissão."
E o cartaz da Manifestante fez todo o sentido: mais AMOR, por favor.
Algum outro tempero faz sentido nesta vida?