terça-feira, 30 de junho de 2009

Que trouxe pra mim ...

Ele tá bem confuso.
Acha que é coincidência, mas crê que coincidências não existem.
Crê em muitas coisas, mas sua crença é breve.
Ama intensamente, mas não pra sempre.

Alguém pode me dizer, ou melhor, explicar, o que significa o pra sempre?

Ele sempre me disse que o pra sempre é o exato minuto que dura uma eternidade. É a lembrança absoluta de um momento relativo. É estar no momento certo ou errado, com a mulher mais importante e inesquecível pra o momento. Fazer cada momento eterno.

Ele sempre me disse isto!

Eu já fui esta mulher.
Ele já foi este homem.

E agora José? José de Carlos Drummond de Andrade:

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?

O fim e o começo do recomeço - pra ele, sempre, tudo misturado!
Primeira citação, primeira declaração.
Anuncio de dúvidas e contradições.

Temperar com: Tudo de novo!

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