terça-feira, 23 de setembro de 2008

Salão de Dança.

Era uma sala bastante arejada, pintada cuidadosamente em tons pasteis. Sua decoração era clássica com prataria sobre a lareira, cadeiras com encosto alto, veludo escuro e avermelhado, mesinhas de apoio com copos de cristal com bebidas servidas. Bebidas suaves, para homens e mulheres. Vinhos brancos, licores doces, coqueteis de frutas sem álcool.
As cortinas eram brancas de tecido muito leve, que acobertavam as grandes janelas e a vista alta dos guindastes do porto. Andar alto de um prédio antigo no centro da cidade.

O clima era estramamente agradável e o salão grandioso, todos estavam com seus melhores trajes, assim como seus melhores cabelos e maquiagens. A maturidade e as limitações físicas de algumas senhoras não impedem de acompanhar a dança do trio (voz, violão, baixo e bateria) ao vivo e animado.

As flores ajudavam a compor o visual. Eu tinha uma flor no cabelo.
No canto esquerdo da grande porta de vidro da entrada estava desconfortavelmente sentado um rapaz, artista, desenhista, retratista com pena e Nanquim. Lindamente, todos eram desenhados e a graciosidade, beleza, sutileza dos detalhes era a alma relatada. Só os verdadeiros artistas relatam a alma e somente os olhos abertos aos verdadeiros artistas percebem as almas retratadas.

Ele era estonteante em seu ofício, em seu ser e em seu saber, aprender e eu me embriaguei no seu tempo e parei o meu. Percebi meus traços sendo fixados no papel e a luz refletindo meu rosto iluminado pelo seu olhar. O que ele não sabia é que só havia meu brilho, magia, beleza graças ao seu. Ele era o sol e no seu último por, me olhou e não como alma e sim como corpo e foi assim que saímos deste cenário e construimos o nosso.

Temperamos a vida real, mas com a mesma luz refletida e fixada nos maus traçadas linhas.

"Um beijo é um segredo que se diz na boca e não no ouvido."
Jean Rostand

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