FONTE: http://istmos.blogsome.com/2008/03/31/amor-que-nao-ouso-dizer-seu-nome/
Ainda dizem que o tempo é o senhor da razão.
Anos e anos sem o menor contato com as palavras. Às vezes fico pensando se elas ainda me pertencem ou se tudo se perdeu como sempre acaba acontecendo comigo.
Mas eis que ensaio minha volta. É bem verdade que o cenário mudou bastante. Alguns personagens também se foram e deram lugar a outros protagonistas. Eu ainda sou o mesmo, apesar de algumas vezes não me reconhecer. O mesmo menino ingênuo e sonhador de todo o sempre. Aquele que espera a cada ano que surge uma nova oportunidade para acreditar que ainda resta tempo para a felicidade.
Tenho que confessar que as dúvidas já não ressurgem sonolentas. Ressurgem mais despertas do que nunca, tirando meu sono e assombrando meus dias. E incessantemente me pergunto o que será de mim. Que acaso vai me tirar do marasmo.
Em outros tempos eu saberia exatamente o que me atormenta. Hoje são tantas as coisas que me perco entre elas.
Mas vou tentar achar o nome que me traz aqui. Sei que é contraditório, mas acho que está parcialmente superado. Para aliviar, desenho seu rosto sem os olhos que me desconcertavam e procuro um traço de horror em cada gesto.
Como uma pessoa se transforma em outra irreconhecível? Será que tive culpa no primeiro momento que hesitei, naquela viagem que tanto me fez bem, no acidente de percurso ou no desfecho trágico?
Só sei que foi mais fácil do que eu julgava. E isso me amedronta. Se certas coisas não me importam mais, por que as repito como um mantra que não sai da minha cabeça? Não ouso dizer seu nome.