segunda-feira, 5 de outubro de 2009

que a injustiça não me seja indiferente

Encontrei ele, sem querer, no novo Barra Shopping Sul. Como não acredito no acaso, pude perceber no seu olhar e nos seus gestos que havia muita vontade de conversar, desabafar e detalhar os fatos angustiantes da última semana de desespero.

Ele manteve-se calmo e tranquilo, mas eu sei, depois de tudo que ele me contou, que esta fachada pode ter funcionado para alguns, mas na verdade, ele estava arrasado, em pedaços e juntando as peças de uma figura inteiramente desconhecida. Os mais desatentos não perceberam.

No final da longa e injusta história contada e detalhada, eu e ele nos abraçamos e ele, aos prantos, me apertava contra seu peito. Me queria nele. Alguém que segurasse com ele, sua dor. Fui forte, seguramos juntos, pois existem algumas certezas para os puros de coração:
  • não há mal que dure para sempre;
  • nunca estamos sós;
  • o saldo é sempre positivos (para os puros de coração);
  • o que se planta se colhe;
  • nossa colheita será farta.
Estas conclusões falamos juntos, mas não tenho certeza se no fervor da emoção, ele ainda lembra sobre o que falamos, mais para o final da conversa. Mesmo assim, aqui, é um ótimo canal para registrar as conclusões (nada definitivas). Não há conclusões definitivas se a emoção toma conta da razão. Nada como o bom e velho tempo para arrumar a casa, ou seja, nos arrumar.

Depois de tantas revelações eu, sem saber o que dizer ou orientar, pedi para Deus que a dor não me seja indiferente, que a morte não me encontre um dia, solitário sem ter feito o que eu queria. Pedi a Deus, principalmente, que a injustiça não me seja indiferente, pois não posso dar a outra face, se já fui machucado brutalmente.

Percebi que cantei a musica Solo le piedo a Dios, de Mercedes Sosa - foi como uma homenagem a sua luta diária por uma América latina livre, fraterna, amorosa, solidária e justa. Que a história não lhe seja indiferente (...). Esteja em paz!

Temperar a vida principalmente com: que a injustiça não me seja indiferente!

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