quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sortuda, quem? Eu?

Agora só ando de escadas, exclui o elevador da minha vida. Só o utilizo se estou lotada de compras ou muito, mas muito cansada. Estava eu, então, step by step, chegando no meu andar e no meu apartamento, quando ouvi, andares acima, um choro. Fiquei aflita, não sabia se ignorava ou procurava saber o que estava acontecendo.

Claro que fui ver o acontecido. Como se não me conhecesse?

Era a vizinha do 402. Ela esqueceu a chave dentro do apartamento e bateu a porta e agora tinha que esperar a sua "flatmate" chegar. Falei pra ela não chorar sentada no tapetinho da entrada, para ela ir no meu apartamento e esperar lá comigo, com o Samba e o Rock. Ela chorou mais.

Meu Deus! Será que falei algo que não devia. Assim (...) pensando sempre que a culpa é minha e não do outro ou com o outro (...) mas é claro que não! O choro era dela e ela tinha seus motivos rapidamente desabafados, ali mesmo, agora nós duas sentadas no corredor.

Ela estava apaixonada por seu melhor amigo.
Meu Deus! Mais uma (...)
Sim, ela contou dos anos de amizade. Da amizade colorida, do sexo bom, do sexo ruim, das bebedeiras, das verdades, que só amigos falam, das criticas, do ombro e ouvidos amigo, dos braços fortes, falou também dos defeitos de ambos, mas mais dele, falou, falou, falou um monte sobre os dois e sobre a amizade.

Falou, no final, que tudo mudou. Ela se apaixonou. Quis tudo diferente e tudo melhor e agora, o que ela tem é a angustia da espera, que a deixa desesperada, angustiada, desiludida, mortificada, solitária, mas com fé que nada foi em vão e que os melhores relacionamentos vêem, surgem de uma boa amizade - ela espera.

Ela falou tanto quanto chorou. Se acalmou.
Foi então que tive a oportunidade de dizer que ela poderia estacionar seu carro melhor na sua vaga! Ninguém merece o carro todo atravessado.



Temperar a vida com a oportunidade de falar na hora certa.