Peguei uma escada, subi bem rápido e fiquei espiando por cima do muro toda a movimentação que eu apenas ouvia e imaginava. Era um dia nublado e já ia chover.
Acho que será um campo de futebol para as crianças, não sei bem, só sei que tem um sistema de irrigação automática, adubação periódica, dois jardineiros, um cortador automático e mais alguns equipamentos que, sinceramente, não tenho a mínima idéia para que servem.
Aquele gramado é lindo! O monogromático tem suas nuances!
O verde é perfeito, o corte preciso e o cuidado constante. Houve um alto investimento para compor aquele jardim com um gramado tão lindo e encantador.
No outro dia de sol forte, dia aquecido, fui fazer companhia para a senhora do 201 que tem o hábito de tomar chimarrão na calçada. Claro que eu coloquei a minha estratégicamente posicionada para ver o gramado.
O papo era mais ou menos, mas a vista era perfeita. Nenhuma folha fora do lugar. Nenhum capim maior que o outro. Será que usam régua? Estava em paz, olhando entre as grades frontais da casa ao lado. Tudo maravilhoso!
Chegou o vizinho do 402 e trouxe biscoitos com mais uma térmica. Sentou ao nosso lado e falou, sem dó nem piedade, meio cabisbaixo: o gramado do vizinho é sempre mais bonito (...)!
Parei.
Choquei.
E me perguntei: e tu cuida do teu gramado?
Temperar a vida cuidando do próprio gramado e não invejando o do outro. Assim (...) parada e chocada ainda!