Ela me ligou, neste final de feriado, cheia de histórias. Me contou várias sobre família, amigos, muitas atividades, alguns livros, tv, filmes e afazeres domésticos.
Não entendi muito bem a euforia em atividades simples e corriqueiras. Não que não haja magia nas simplicidade das atividades do dia a dia. E muitas amigas minhas usam o feriado para descansar e só, mas ela ???
Fiquei com vários pontos de interrogação.
Onde estará aquele homem maravilhoso que ela conquistou por inteiro?
Como estará aquela história linda de começo surpreendente?
Por que ela não inclui nenhuma participação dele no feriado se eles se amam tanto?
Será que esta história, cheia de amor, se perdeu na curva?
Fiquei meio assim de perguntar. Vai saber até onde podia meter a colher, sempre se diz que em briga de marido e mulher não se mete a colher.
Mas houve briga?
Pensando bem até poderia haver, não há casal que não brigue, até aquece na cama na volta, mas creio que a maior dificuldades dos dois era o diálogo. As conversas pareciam profundas e verdadeiras, mas faltava entendimento do que realmente era importante e fundamental na relação.
Ela sempre me falava isto, mas será que falava verdadeiramente pra ele o que ela queria?
E se falava será que ele entendia?
E ele, como será que agia?
Vários gaps de comunicação e quem tem noções de marketing sabe que não basta falar, tem que se fazer entender. Não basta ouvir tem que querer entender.
E alguns fatos, fotos e fofocas só são despejados no limite da falta de tudo: podia secar uma gota por dia e ajustar, mas vira um balde enorme derramando todo de uma vez. Vira uma mega briga cheia de razões e desentendimentos.
Só sei que há vários tipos de faltas de diálogo.
Uma facilidade enorme de culpar o outro.
Não olhar pro próprio rabo.
Achar que o outro tem que mudar da água pro vinho.
E que eu sou perfeita, ofendida e injustiçada.
Quem sabe não é nada disso e ele foi pra casa dos pais no interior?
As minhas dúvidas continuaram e eu com medo de perguntar e ela continuou a falar da roupa manchada com vinho, do shopping, do super que tava aberto no feriado ... blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá e eu interessada em outros assuntos.
Ela sempre me contou do amor que ele tem. Da sua enorme capacidade de demonstrar seu amor, sentimentos, com palavras, gestos e presentes. O amor dos dois é inspirador na luta diária da conquista da batida perfeita de quem não tem.
Eu não acreditava que ele não fazia mais parte da vida dela. Comecei a me indignar!!! A xinga-la, mentalmente, da tamanha burrada que ela estava fazendo. Dispensando uma grande oportunidade de ser feliz, de estar com alguém sincero, fiel, companheiro, amigo e que, assim como ela, estava aprendendo a amar, ajustando os erros e se dando uma chance, a cada dia, de ser ainda mais e mais e mais feliz.
Me subiu uma gana ... será que ela não sabe o tamanho do amor? Será que a amargura não pode dar lugar ao amor e ao perdão? Será? Será? Será? Será? Será que ela terá que passar por tudo que eu passei e só saber o valor quando realmente perder todas as chances de ser feliz e estar com ele?
Foi ai que, possuída de raiva, perguntei: e o fulano?
E ela respondeu: Tá bem! Foi pescar com papai no Uruguai.
Respondi: Ai que bom! Mas ela nem imagina o tamanho deste BOM.
Temperar a vida com uma chance para o verdadeiro amor.