terça-feira, 11 de agosto de 2009

O que é a devoção de Nossa Senhora três vezes Admirável?


TEOLOGIA DOS MOVIMENTOS CATÓLICOS

CNBB 04.1997

MOVIMENTO DE SCHÖNSTATT

1. Histórico

Aos 18 de outubro de 1914, o Pe. José Kentenich manifesta a um grupo de jovens Congregados Marianos sua ´secreta idéia predileta´: transformar a Capela da Congregação Mariana, situada no vale de Schönstatt, em Vallendar, junto ao Reno, capela de São Miguel, um Tabor a partir do qual se manifestem as glórias de Maria. Não poderia deixar herança maior do que levar N.Sra. do Rosário a estabelecer, nesta capela, seu trono e distribuir tesouros e milagres da graça. Era plano ´fazer suave violência´ a Nossa Senhora através de orações e sacrifícios, e tornar a Capela São Miguel ponto de partida e centro de um movimento de educação e renovação religiosa e moral. Surgiram diversos movimentos: A ´União apostólica´ é a primeira de suas comunidades apostólicas laicais. · Em 1920 nasce a ´Liga´ que compreende sacerdotes, homens e mulheres de diversas idades e, profissões, agrupados em vários ramos. · Em 1926 surge a fundação dos Institutos Seculares de Schönstatt.

· Em 1924, a Congregação Mariana do Seminário de Schönstatt transformou´se no ´Movimento Apostólico´ de Schönstatt.

· Hoje a Obra de Schönstatt compreende: Institutos, Uniões, Liga e Movimento Popular de Peregrinos. Os santuários, que se constróem no mundo, são reproduções fiéis do Santuário de Schönstatt. Linhas Doutrinais

A fé convicta do Pe. Kentenich era de que a missão e atuação da Mãe de Deus continua até o fim dos tempos, como ´companheira e colaboradora´ oficial e permanente de Cristo em toda a obra da redenção. Mesmo após a assunção ao céu desenvolve sua atuação, de preferência nos lugares de graças que ela mesma escolhe, e por meio de pessoas que se colocam à sua disposição. Numa peregrinação a Pompéia, na Itália, surgiu´lhe esta idéia: Por que Pompéia sim, e Schönstatt não? Os Congregados Marianos resolveram colocar´se a serviço de Nossa Senhora. Esta consagração tomou o nome de ´Aliança de Amor´ e as palavras proferidas, neste 18 de outubro de 1914, denominaram´se mais tarde ´Documento de Fundação´. Eles tomaram conhecimento da Congregação Mariana que floresceu no século XVI em Ingolstadt, e dela tomaram o título ´Mãe Três Vezes Admirável´ para a imagem de Maria da Capelinha de São Miguel. Em Schönstatt recebe´se tríplice graça: a graça do abrigo espiritual, a graça da transformação interior, e a graça da missão e fecundidade apostólica. O elemento determinante é a Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável. Em si não é outra coisa que a aliança feita com Deus no batismo. Por que Mãe Três Vezes Admirável? Porque Deus fez um Aliança de Amor com a Criação através do homem e com a mediação da Ssma. Virgem. Nesta aliança pessoal, os contraentes se pertencem mutuamente: a realeza de Maria nos fica entregue, com a sua segurança. A Aliança é local, vivida integralmente na Capelinha, pois ali recebe´se graça específica. Na Capelinha a aliança encontra sua materialização e seu símbolo. Como conseqüência há necessidade de se vincular estreitamente ao lugar e fazer dele o lar espiritual. A Aliança de Amor se vive se houver contato de fé com a Capelinha. O típico de Schönstatt é pretender realizar a missão por meio de Maria, isto é, mostrar ao mundo a posição, a dignidade e a missão da Ssma. Virgem, que assegurará a transformação do mundo em Cristo. O Movimento aspira, como missão, converter´se numa epifania mariana. Schönstatt quer formar um Capital de Graças a ser oferecido na Capelinha, dentro do Corpo Místico. Para fundamentar isso lembra a liberdade humana e a generosidade divina. O Movimento cumpre sua missão pelo Espírito Santo, que age na Capelinha por meio de Maria. É Ele quem renova todas as coisas. Outra arma é uma forte autoridade: poucas leis, mas uma autoridade firme e forte. O espírito do Movimento apostólico de Schönstatt pode ser sintetizado nestes pontos:

· Piedade mariana

Maria é a mais perfeita realização do homem novo, da nova criação, objetivo da salvação realizado por Jesus Cristo.

· Piedade da Aliança

Deve´se decidir livremente com Maria e como Maria: ´Unidos com Maria na Aliança do Amor, chegaremos a Cristo Jesus, e por Cristo, no Espírito Santo, ao Pai´.

· Piedade de instrumento

A Família Schönstatt cultiva a consciência de ser um instrumento totalmente dependente de Deus e da sua graça. Há o cuidado de se orientar na vontade de Deus, à luz da fé na Providência, e estar em total disponibilidade.

· Santidade de vida diária

Trata´se de santificar o mundo em todos os seus âmbitos. A idéia da santidade de todos os dias teve papel decisivo na constituição dos Institutos Seculares.

· Espírito de magnanimidade

Vínculos que obrigam sob pecado, só os necessários; liberdade que aspira ao mais alto grau de amor e cultivo da vida espiritual para atingir este grau.

· Nos Institutos se faz a consagração´contrato em lugar dos votos É uma consagração´contrato que vincula pela força do direito natural. Os contraentes são cada um de seus membros e a comunidade. Com esta consagração ascética à Mãe Três Vezes Admirável o contrato é elevado ao caráter de ato religioso e de entrega total a Deus.

· Espírito de família. O princípio teológico de que a graça deve unir´se à natureza é básico Procura imitar a família, para que o povo de Deus se torne família de Deus. Por isso os membros vêem em Schönstatt o lugar de seu nascimento espiritual. Olham o Fundador como pai espiritual, em cuja pessoa transparece o Pai eterno, do qual vem toda a paternidade no céu e na terra.

2. Avaliação

Aspectos positivos

Nota´se o desejo do Pe. Kentenich de prestar um culto especial à Mãe de Deus e a busca de uma vida de transformação. Elaborou o sentido de uma espiritualidade que seja testemunho com linhas ascéticas bem definidas. Outro aspecto positivo é também o fato de santificar a vida diária e de colocar o sentido da fé na cotidianidade. O Movimento teve ampla difusão entre o povo, sobretudo pelas Capelinhas da Visitação, em que as casas recebem a imagem de Maria e rezam diante dela.

Aspectos negativos

Deve´se observar a vinculação demais materializada ao Santuário como se fosse um absoluto, sem o qual não há uma experiência mais profunda de Deus em outras formas. Parece colocar Maria numa posição quase independente. Sua vinculação com Cristo parece tênue. Tem´se a impressão de que o primeiro lugar é de Maria. A própria Aliança de Amor poderia destacar mais os aspectos de Aliança tão fortes na Bíblia, e destacar menos esta vinculação com a Capelinha. O sentido de autoridade também se manifesta de modo muito duro, fazendo com que a obediência se torne mais um ato material, do que uma disponibilidade mais plena e abrangente da vontade de Deus. Pode´se questionar a consagração´contrato, como vinculação pelo direito natural, mesmo colocada no plano religioso. É posta como algo que vincula mais pelo contrato e o direito do que pela consagração e entrega generosa a Deus. A figura do Fundador assume uma posição de destaque, que deve ser sempre considerado como algo fundamental, até mesmo se comparando com a paternidade de Deus.

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