Gritava com os transeuntes, atirava comida de cachorro nas pessoas, água nos animais e sal grosso nos "espritos". Sai daqui - gritava ela. Sem qualquer limite ou controle.
Ela estava enlouquecida!
Da janela do segundo andar eu via tudo, observada admirada, a felicidade da louca em cantar e dançar. Pensei em me juntar a ela!
Cantava, emocionada, sua insanidade.
Dançava, rodopiava e se divertia muito falando horrores para todo o ser vivo.
O que eu mais gostei foi a música que ela cantava e em homenagem ao dia do amigo, que se aproxima, na próxima segunda, transcrevo algumas pérolas:
Já tive amigos
De todas as cores
De várias idades
De muitos amores
Com uns até
Certo tempo fiquei
Prá outros apenas
Um pouco me dei...
Já tive amigos
Do tipo atrevido
Do tipo acanhado
Do tipo vivido
Casado carente
Solteiro feliz ...
Amigos cabeça
E desequilibrados
Amigos confusos
De guerra e de paz
Mas nenhum deles
Me fez tão feliz
Como você me faz...
Procurei
Em todas os amigos
A felicidade
Mas eu não encontrei
E fiquei na saudade
Não lembro o resto que a louca cantava.
Não lembro da música, mas ela era bem afinadinha, embora os gritos alteradíssimos e os agudos ensurdecedores. Ela estava feliz!
Pensei sobre a saudade dos amigos!
Das cores e dos coloridos!
Salve Jorge! Todos os amigos de todas as loucas por este mundo de meu Deus!
Salve, só Jesus Salva.
Temperar a vida com insanidades (passageiras e motoristas).
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